terça-feira, 12 de março de 2013

Minha Primeira Vez No Estádio De Futebol


Assim que a notícia correu pelos fios telefônicos da minha família, o meu celular se entupiu de mensagens decepcionadas. Como uma garota, fruto de uma família italiana e palmeirense, daria o privilégio da sua estreia num estádio a um jogo do Timão? Ignorei todas.

Esperei passar dos 30 anos de idade para assistir ao meu primeiro jogo de futebol no estádio. Estudei ao lado do Pacaembu e nunca perdi três passinhos para que nos apresentássemos. Então, quando um amigo me convidou para desfrutar de uma partida, mesmo que da arquibancada corintiana - depois de negar, aceitar, pensar, desistir, confirmar de novo, cancelar - eu topei.

Por recomendação do amigo, eu deveria escolher uma roupa que não fosse verde nem tão agarrada, já que o futebol é um esporte com exagerados níveis de testosterona. Fui de top cinza, quase agarrado, quase solto, apenas sugerindo meus contornos físicos. Afinal, qual a graça de parecer um menino num local saturado deles?

Sempre vidrei com cachorros-quentes perfumando as arquibancadas das partidas de baseball, que eu via em seriados norte-americanos; e quando eu percebi a bandeja chegando pensei que futebol no estádio era melhor do que eu pensava. Mas o cachorro-quente era tão seco que comer farinha era a mesma coisa. Minha esperança ressuscitou ao avistar copos de cerveja flutuando em minha direção. No primeiro gole, a falta de álcool. Cerveja que não sobe, não precisa ser tomada. Prefiro Fanta Uva e o meu lar, onde meu pai frita asinhas de frango e a cerveja agita até uma partida desanimada como aquela.

Frustrada com o menu, resolvi espiar o jogo. Não desviei mais os olhos do gramado, porque existiam chuteiras. Extravagantes, coloridas, fluorescentes. A bola podia ser fluorescente também, ia ficar mais didático para uma iniciante nos estádios como eu, já que em muitos momentos ela se camuflava no campo. Para mim havia apenas chuteiras pink se esfregando na grama verde. Se alguém me disser que tocam o hino do time quando são responsáveis por um gol, não duvidarei.

Pra matar o meu tédio, o Corinthians fez o favor de marcar um gol. Não vivi o momento, porque o meu celular se recusava a ligar a câmera em modo vídeo. Felizmente deu tempo de registrar o gol. Até hoje não revi. Fica pra outro dia. Fica pra outro ano. Fica pra quando eu beber de verdade e precisar provar, no meio da histeria do bar, que, embora não pareça, já fui a um jogo de futebol.

Saí de lá carente de bebida e outras feminices. Sentei num bar qualquer e pedi a o drinque mais colorido, como as chuteiras dos jogadores, e de nome rococó. Beberiquei enquanto selecionava, pelo celular, looks em um aplicativo de moda. Looks montados com a cor preta e a branca, pra comemorar a vitória da Fiel do meu jeito.

Leia a coluna no site do Terceiro Tempo.

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