quinta-feira, 30 de outubro de 2008

QUANDO EU OLHAR PARA FRENTE VAI SER TARDE


Não espere que eu:

acorde de madrugada porque alguém chora

segure uma mão durante a vacina

escolha a cortina da casa nova

retorne sua ligação perdida

preencha com ração um pratinho

compre um presente de aniversário

leve a lei seca a sério

prepare café quente de manhã

pergunte da sua tosse

lave o prato do almoço

console sua tristeza

trate os dentes com cáries

- e o câncer sem cerveja

desacelere na lombada eletrônica

saiba o limite do cartão de crédito

me prepare para uma prova

mantenha minha palavra

ame na sua ausência

me afaste da ânsia

- de beber sem limite

Meu tempo é curto.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

IÔ-IÔ

para C.

Me implora romântico, por carta:


Me enrola em lençóis e mentiras,

que eu topo mais uma vez.

A penúltima.


Guardo na bolsa. O papel tem seu perfume. Eu sei que você fez de propósito. Releio entre uma rua e outra. Dia após dia. Mas as palavras vão escorrendo. Apagam-se a cada semana que passo sem notícias suas. E quando, como pelas folhas de sulfite, já não procuro mais por lembranças daquele domingo, outra carta:


Me esquece.


Essa, rasgo. Acomodo os pedaços dentro de uma caixa, caso me arrependa mais tarde. Seu texto me enjoa. É repetitivo. Num berro, escrevo também. Desta vez, por necessidade de preencher linhas. Apenas.

domingo, 5 de outubro de 2008

***


Aperta o passo

se me vir por perto

e parte


Não me importo


***
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